
Foto disponível em <https://vivasaude.digisa.com.br/clinica-geral/saiba-porque-comprimidos-nao-podem-ser-quebrados/3912/>
Diferentemente das cápsulas que apresentam o ativo e os excipientes necessariamente compartimentalizados por um envoltório, os comprimidos apresentam o ativo e o excipiente fortemente agregados por um processo denominado compressão, o qual dá forma, dureza e integridade ao comprimido.
A apresentação de medicamentos como comprimidos garante uma série de vantagens, entre elas podemos ressaltar a alta estabilidade físico-química, dado que o comprimido apresenta pouquíssima superfície (externa e interna) em contato com o ar, reduzida umidade, reduzido volume, facilidade de dosagem (dado que alguns destes podem ser fracionados), precisão da dosagem e versatilidade no desenvolvimento de diferentes sistemas liberação.
Por outro lado, na perspectiva de produção e pré-formulação, o desenvolvimento de comprimidos apresenta uma série de desafios. A mistura final de ativos e excipientes devem ser capazes de formar uma estrutura íntegra e uniforme após o processo de compressão, o que denominamos de compressibilidade. Para melhorar a compressibilidade da formulação, a escolha de excipientes como aglutinantes permitem que a mistura ganhe integridade após a compressão e ainda lubrificantes são empregados para impedir que a preparação se acumule ou se prenda às peças móveis dos equipamentos de compressão (como será apresentado mais adiante). Abaixo estão listados os principais adjuvantes empregados na indústria farmacêutica no preparo de comprimidos e suas funções.
Quadro 1. Principais adjuvantes empregados na indústria farmacêutica no preparo de comprimidos e suas funções.
Mesmo com a escolha certa dos excipientes, a escolha do cristal dos ativos se mostra de fundamental importância para a veiculação do fármaco como comprimido. Para uma mesma substância podemos ter diferentes processos de cristalização que levam a formação de diferentes cristais, denominados de polimorfos cristalinos.
Diferentes polimorfos significa dizer que as moléculas estão geometricamente distribuídas de formas distintas de um polimorfo para outro. A disposição das moléculas umas às outras implica em maiores ou menores forças de interações intermoleculares e, por vezes, intramoleculares que juntas determinam características físicas, como velocidade de dissolução, friabilidade, compressibilidade, higroscopicidade, fluidez e entre outras séries de variáveis que implicam diretamente no processo produtivo e na eficácia terapêutica (principalmente relacionada a velocidade de desintegração e dissolução do ativo).
Diferentes polimorfos podem ser selecionados durante o processo de cristalização conforme a predefinição do solvente, concentração do soluto, temperatura e outras variáveis envolvidas. De modo geral, a indústria farmacêutica seleciona rigorosamente as matérias primas se focando nos polimorfos cristalinos, na granulometria, validade, fornecedores de confiança, pureza e teor de umidade dos ativos e adjuvantes.
Figura 1. Cela unitária da nimesulida determinada por cristalografia (Duport et al., 1993). Observa-se que fenil fora do plano também favorece interações “pi-stacking” e que grupos nitro ficam voltados para fora da cela, implicando diretamente na dissolução do fármaco no trato gastrointestinal. Dupont, L. Nimesulide. Acta Cryst. C51, 507-509, 1995.
Legenda dos átomos: Nitrogênio (Azul); Oxigênio (Vermelho); Enxofre (Laranja); Carbono (Cinza); Hidrogênio (Branco).
Comprimidos revestidos
Os comprimidos obtidos podem ainda passar por um processo denominado revestimento, no qual estes recebem uma camada de excipientes com finalidades diversas, entre elas mascarar cores ou sabores desagradáveis, proteger o comprimido do ambiente tanto interno do blister quanto do trato oral ou do pH estomacal, promovendo sistemas de liberação (discutido mais adiante) ou ainda por mero apelo de mercado. Os processos de revestimento tem impactos consideráveis no custo do produto final, logo somente são empregados quando houverem justificativas farmacocinéticas, de adesão ao tratamento (palatabilidade) ou quando isto implica em maior tempo de prateleira ou sucesso de venda. Ver Drágeas e Peliculados.
Figura 2. Você reconhece este comprimido? O revestimento auxilia na caracterização de um medicamento e seu fácil reconhecimento.
Efervescentes
Os comprimidos efervescentes garantem uma dose exata de fácil ingestão, rápido efeito e praticidade de uso e são constituídos de um ácido e uma base que reagem gerando gás e um sal quando em contato com água, ocorrendo com essa reação a rápida desintegração e dissolução dos componentes do comprimido. Dessa forma uma quantidade precisamente correspondente a uma dose única do medicamento (transportado facilmente pelo paciente) é preparado apenas na hora da administração por meio de uma reação instantânea que garante a rápida desagregação e dissolução do comprimido no veículo (água). Ver Efervescentes.
Para referências, consultar Comprimidos.
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